Após deixar o cargo de treinador da equipe feminina do Vitória, Alexandre Mathias fala tudo o que sentiu no período em que esteve no comando da mesma e sobre o futebol feminino no Brasil.

“Durante 2 meses, tive o orgulho e a honra de dirigir essa brilhante equipe, formada por atletas que honraram a camisa e as tradições do clube. A equipe era mesclada por atletas experiência e muitas (50%) que disputavam, pela primeira vez, uma competição como a Copa do Brasil.
Temos que ser otimistas. Começamos o ano com um calendário para o Futebol Feminino; acreditem! A modalidade, pelo menos para o Vitória, cujo Campeonato Estadual Pernambucano já teve início, quando vencemos o Náutico por 7×0, já teve a Copa do Brasil, terá o Campeonato Brasileiro e ainda a Libertadores da América.

A Federação de Pernambuco está de parabéns pelo apoio ao Futebol Feminino; só deixou a desejar na arbitragem, por permitir que a Srª Débora Cecília seja uma árbitra de futebol. Devido a ela, que disse não ter visto uma atleta adversária dominar uma bola com os 2 braços a 3 metros de distância, o clube não disputará a final da Copa do Brasil; fato. Há imagens no youtube que comprovam. Enfim, coisas do nosso futebol tupiniquim.

Porém, esse texto tem por objetivo enaltecer as atletas do elenco do Vitória que, com dignidade, deram realmente o seu melhor e tiveram um ótimo desempenho. Tudo isso guardado o devido respeito pelas equipes contra as quais jogamos e que buscam um futuro melhor para o Futebol Feminino, esporte com tanto talento nos mais diversos Estados do nosso Brasil. Podemos ver isso viajando pela Copa do Brasil.

Sérias quando o trabalho diário exigia, descontraídas quando a situação permitia, motivadas e determinadas em busca do seu aperfeiçoamento durante todo o tempo, dentro e fora de campo, em atividades físicas e nas extra-campo, formaram um grupo que motiva qualquer treinador a trabalhar. Superaram batalhas como a de Belém, num local que não se pode se chamar de campo de futebol, quando a federação local marca o jogo na hora da chuva, exatamente para prejudicar o gramado. Dá para entender isso ?

Com o devido respeito, acredito que a CBF (cujo apoio ao Futebol Feminino tem realmente evoluído, pois além da Copa do Brasil temos agora o Campeonato Brasileiro, em parceria com o Ministério do Esporte – além das Seleções Nacionais em constante treinamento e participação em competições) deveria gerenciar melhor isso, visitar os clubes e seus estádios, para verificar se estão à altura de uma competição dessa magnitude.

Parabéns à todas vocês, que superaram distância dos entes queridos, contusões, e o peso da responsabilidade da camisa de um clube que se tornou referência para a modalidade.

Meus sinceros cumprimentos ao grande amigo e Presidente, Dr Paulo Roberto, pelo apoio incansável e por oferecer tudo o que as atletas precisam para serem felizes no futebol; moradia, alimentação, bolsa integral em faculdade e, inclusive, salários, coisa que talvez para a maioria no Brasil inexista. Cumprimentos extensivos à figura simpática e atuante do Sr João Cerino, Vice-Presidente e do Diretor Modesto Roma, que mesmo de longe é vibrante e atuante. Agradeço sinceramente a todos que nos apoiaram, membros da Comissão Técnica (inclusive do Futebol Profissional), do clube e da FACOL, Faculdade que apoia o Vitória. Vitória e Santo Antão é um lugar de tantos amigos que é difícil citar todos ….

É brabo ainda ouvir pelo Brasil sobre a tal “ajuda de custo”. Ninguém consegue sobreviver com isso. As atletas do Futebol Feminino precisam de salário, merecem ser profissionais como os homens que, em todo o Brasil, se dedicam em busca do sucesso na “profissão jogador de futebol”.

Por falar na modalidade, acreditem; o FUTEBOL FEMININO BRASILEIRO ESTÁ, MESMO QUE SILENCIOSO, EM CRESCIMENTO, EVOLUINDO EM TODO O BRASIL. HÁ MUITAS “MARTAS” QUE PRECISAM DE ESPAÇO, RECONHECIMENTO, PROFISSIONALISMO E SALÁRIOS DIGNOS, RECONHECIDOS CONTRATUALMENTE. O “Balon D’Or” da FIFA pode voltar a contemplar outras brasileiras ….

Acredito que tenhamos que parar de ouvir a história de entrar em competição “em busca de bolsa-atleta”. Repito: atleta precisa de salário, atleta precisa construir o seu futuro ….

Voltando às nossas “Guerreiras”, finalizo a homenagem deste humilde treinador. Conduta disciplinar exemplar, cumprimento dos horários, cuidados no trato pessoal e busca incessante da melhoria da performance individual fizeram deste grupo um time vencedor, que ficou entre os 4 melhores do Brasil, após uma competição que teve início com 32 clubes.

Além disso, o Vitória, modificado em mais de 50% em relação ao ano anterior e com uma média de idade de 21 anos, passa a ser o segundo clube no ranking nacional do Futebol Feminino.

Parabéns a todas vocês, de Adila à Joycinha; levantem a cabeça e sigam em frente em busca do sucesso e de novas conquistas. O Brasil precisa de vocês!

Com licença da expressão, prezada Michael Jackson …. “Viva o Futebol Feminino !” – Termina Alexandre Mathias